A agenda do mercado de seguros foi o tema debatido por algumas das principais entidades que representam o setor de seguros no Brasil durante a palestra “Conflitos e soluções – uma agenda para o mercado de seguros“. O debate, mediado pelo presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, buscou mostrar que, mesmo com todo esse cenário ainda de crise, o mercado de seguros tem muito o que comemorar, porque vem crescendo acima até de outros mercados. Antes de passar a palavra aos painelistas, ele ressaltou esse crescimento, especialmente nas últimas duas décadas e que, em algum momento, nesse momento de fartura, o setor deixou algumas coisas para trás.

“A bem da verdade, não sabemos avaliar, diante desse crescimento tão grande, se ele na verdade seria satisfatório, porque não conseguimos avaliar se o que crescemos é o que poderíamos ter crescido. Talvez nosso mercado tenha experimentado isso, mesmo com todo esse crescimento, sem ter tido a visão de ter colhido ao máximo as oportunidades”, explica o presidente do Sincor-SP.

Essa agenda, opina Armando Vergílio dos Santos Júnior, presidente da Fenacor, ainda não existe e, por isso, é preciso criá-la, assim como é preciso criar um ambiente sinérgico entre os representantes dos corretores e seguradoras, objetivando buscar as convergências necessárias para levar essa agenda ao órgão regulador.

Márcio Coriolano, presidente da CNseg, procurou expor aos congressistas que a estabilidade econômica nos anos anteriores gerou uma janela de oportunidades enorme. “O mercado é movido a renda, produto e emprego. Temos uma série histórica de 2010-2015 com um crescimento do mercado a taxas chinesas. O mercado vem crescendo ao longo do tempo sim, mas não absorveu tanto como podia”, pontuou.

Apesar da crise econômica no País nos últimos anos, o presidente da CNseg ressaltou que é nesse momento de fragilidade que a população precisa proteger seu patrimônio e aí está uma oportunidade ao setor. “Esse ambiente nos leva a ter hoje mais união de todos os agentes no mercado de seguros para que esse setor seja reconhecido como ele é, um setor motor capaz de contribuir para a economia brasileira. Nossa pretensão é colocar o seguro nas políticas macroeconômicas do País”, deseja.

Sobre isso, José Carlos Cardozo, vice-presidente de seguros do IRB Brasil, conta ter estado recentemente na Colômbia para participar de um evento securitário e diz que o próprio presidente colombiano compareceu para prestigiar o setor de seguros. “Esse evento é aberto pelo presidente da república de lá. Sempre senti inveja deles, um mercado que não chega a 10% do tamanho do nosso mercado, mas que ocupa um espaço importante na agenda das autoridades. Quero fazer uma provocação: senhores corretores, precisamos de vocês a nos empurrarem para estreitarmos essa distância”, disse.

Outro dos temas abordados no painel foi autorregulação do setor. Na avaliação de Paulo dos Santos, presidente do Ibracor, órgão auxiliar da Susep, este debate exige uma maturidade que o setor já apresenta por causa da capacidade de puxar a economia. Por isso, diante dessa maturidade e importância do setor, diz ele, as entidades autorreguladoras são importantes porque auxiliam a própria Susep.

“A Susep nunca teve braço suficiente para dar a assistência que os corretores de seguros precisam. Temos mais de 100 mil corretores pelo Brasil e a autorregulação vem, basicamente, para esse papel. Embora a lei fale em fiscalização, e costumamos associar isso à penalização, nosso entendimento é orientar o corretor e levar qualquer demanda dele à Susep para tentarmos adequar essa norma às nossas necessidades. Esse é o objetivo do Ibracor: estar junto orientando os corretores”, garante.

O que pode ser considerado uma falha do mercado de seguros, aponta Robert Bittar, presidente da Escola Nacional de Seguros, é que ele é muito regrado e isso implica em custos maiores que acabam inibindo o desenvolvimento de produtos buscados hoje por consumidores. “Isso traduz nossa falha em atender essa demanda. É inimaginável que um setor de serviços tão importante tenha um cliente e não tenha um produto para entregar. Acho que precisamos chamar o setor à reflexão. O crescimento do mercado de seguros passa pelo crescimento dos corretores”, ressalta.

Fonte: XVII CONEC

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