Menos players e um mercado mais sofisticado, conectado com o que acontece no mundo
Em defesa da consolidação do mercado, Antonio Penteado Mendonça, sócio da Penteado Mendonça e Char Advocacia, afirmou em sua apresentação no XI Seminário Internacional de Gerência de Riscos e Seguros, da ABGR, que a redução do número de players é uma boa notícia para o setor. “Não justifica haver 108 resseguradoras para cerca de 50 seguradoras, sendo que elas têm limite de sobra e não precisam de resseguros para os negócios que operam”, disse.
Segundo ele, a crise será o principal gatilho para as resseguradoras repensarem no Brasil, com exceção das locais que criaram companhias conforme a legislação local. “Algumas das admitidas não ficarão, pois ficará caro para elas, e as eventuais terão um problema muito sério, provavelmente o Brasil perca o rating de economia estável, o grau de investimento”, analisou.
Em relação às seguradoras, ele as dividiu em três blocos: o primeiro, refere-se às ligadas a conglomerados financeiros que operam nacionalmente pela base de distribuição que têm, e se desligaram de grandes riscos. O segundo, formado pelas companhias internacionais que vão buscar riscos sofisticados. “E pelas parcerias globais que elas têm em todo o mundo, é uma ilusão achar que companhias 100% nacionais conseguirão competir com elas”, acrescentou.
Já no terceiro bloco estão as seguradoras que operam com seguros de pessoas. “E as que forem mais inteligentes sairão na frente desenvolvendo novos produtos, pois o seguro de vida brasileiro é seguro de morte, não agrega nada para o beneficiário, fora as pessoas mais idosas que são excluídas das apólices. Isso vai mudar queiram ou não as seguradoras”, previu.
Para ele, as que ficarem vão criar um vínculo cada vez mais sólido com o Brasil, o mercado vai se profissionalizar e haverá necessidade de tecnologia para atender bem os segurados. “E as seguradoras terão produtos mais modernos, mais conectados com o que acontece no mundo, e que atendam as necessidades da sociedade de maneira eficiente e com rentabilidade”.
Na opinião de Mendonça, quanto mais rápido o País sair da crise melhor será para todos. Em especial para as seguradoras também. “Poucas companhias estão ganhando dinheiro com negócios de seguros. Para grande parte, os ganhos são oriundos de aplicações financeiras”, finalizou.
Regulação das bases contratuais
Na sequência, Walter Polido, da Polido Consultoria, fez críticas ao modelo atual. “O Brasil não adota o mesmo padrão de clausulado dos mercados desenvolvidos e isso acontece porque o segurado não cobra e temos um Estado com uma visão atrasada. Foram quase 70 anos de monopólio de resseguro, isso desgastou o mercado”, afirmou.
Como reflexo, ele disse que o mercado é altamente comercial e pouco técnico. “Há um paternalismo do Estado em uma área altamente técnica. Vivemos um momento de estagnação e o Brasil não está enquadrado nas boas práticas do mercado internacional. Não temos técnica de subscrição no País, é tudo feito por olhômetro”, lamentou.
Ele defendeu que é preciso especialização dos subscritores, “processo que se acelerará com a concentração e as resseguradoras internacionais exigirão, cada vez mais bons resultados e ferramentas adequadas de subscrição”, complementou.
Por parte dos segurados, Polido foi enfático ao dizer que “os conscientes não devem mais aceitar clausulados padronizados. O mercado de seguros existe para eles e o corretor tem obrigação de orientá-los e cobrar clareza, fácil localização dos riscos e objetividade nos contratos. O Brasil precisa dispor de Lei de Seguros específica”, defendeu.
Fonte: Revista Cobertura