Os chamados Food Trucks se tornaram tendência no Brasil. Mas, ao contrário do que se pensa, este tipo de estabelecimento não surgiu há pouco tempo. Já comum fora do País, o primeiro restaurante sobre rodas foi inaugurado em 1872, nos Estados Unidos, e nasceu da necessidade de se comercializar comidas rápidas e baratas para operários. Estacionado em frente às fábricas, tinha no menu apenas tortas e sanduíches e, agora, oferece desde o tradicional hot dog ao temaki.

 

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), hoje os trabalhadores deste segmento representam cerca de 2% da população. Entre eles está Tiago Rizzato, gerente comercial do festival Calçadão Urbanóide Comida de Rua, em São Paulo. Rizzato cuida do trailer Lox Deli, que comercializa sanduíches gourmetizados. Em dias movimentados, o estabelecimento chega a servir cerca de 200 porções.

 

“Já temos um restaurante há quase dois anos, também em São Paulo, e há seis meses o proprietário do estabelecimento resolveu trazê-lo em formato de food truck”, diz ele. Além da unidade ancorada no Calçadão Urbanóide, há um trailer destinado a eventos em diferentes locais.

 

Rizzato afirma que o veículo já foi adquirido pronto, com todas as adaptações necessárias para a função. Já o outro passou por uma espécie de transformação personalizada, ação que demandou um investimento médio de R$ 40 mil a R$ 50 mil. No entanto, nenhum deles possui seguro.

 

“Até o momento não acompanhei nenhuma negociação desse tipo, mas acho importante o mercado de seguros começar a focar nesse segmento. Acredito que isso seja bem importante, porque muitos food trucks estão sempre nas ruas, fazendo evento em vários lugares e tem uma rotação alta de acordo com a semana. No nosso caso só ficamos nesse espaço, que inclusive pertence ao dono do truck, mas a maioria dos expositores que recebemos aqui também vão para outros lugares”.

 

Gargalos

 

Ao mesmo tempo em que o ramo se mostra cada vez mais promissor, a discussão sobre soluções para food truck é praticamente inexistente no ramo securitário. Para se ter uma ideia, até o momento apenas a corretora TRR Securitas afirmou oficialmente que já desenvolveu um produto voltado aos restaurantes itinerários, mas que aguarda “sinal verde” da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para lançá-lo no mercado.

 

Carlos Alexandre Gomes, sócio-fundador da San Martin Corretora de Seguros, diz que a empresa se prepara para tratar do tema com duas grandes seguradoras. Na visão do executivo, esta ausência é resultado de fatores complexos. “Esbarramos em algumas dificuldades. O seguro para food truck necessita de coberturas que as cláusulas de um seguro de automóvel tradicional não oferece: não se tem cobertura para transporte de substâncias inflamáveis e o mesmo acontece quando o veículo é adaptado, como os food trucks são”, explica.

 

Segundo ele, as coberturas para restaurante também devem ser consideradas. Assim como o estabelecimento fixo, o veículo necessita estar assegurado quanto à possível explosão de um botijão de gás ou até mesmo nos casos em que o cliente apresenta intoxicação alimentar. “Precisamos de um seguro de Responsabilidade Civil que não tenha endereço fixo. É um pouco complicado, porque dependemos da autorização da Susep”, frisa ele.

 

É preciso acelerar

 

Gomes teme que o mercado nacional demore a mirar nos food trucks, abrindo espaço para que corretoras estrangeiras se antecipem e passem a ofertar, em solo brasileiro, produtos específicos para este nicho. “Temos que ter respostas e não podemos nos calar para as necessidades das pessoas, dos profissionais e das empresas. Neste caso, são profissionais autônomos que em sua maioria tem o food truck como principal fonte de renda. Estabelecimentos deste tipo são vulneráveis a vários problemas e o seguro não pode virar as costas para isso”, declara.

 

No entanto, os comerciantes terão que se preparar financeiramente. A partir do momento em que o ramo driblar todos os gargalos e passar a comercializar este tipo de seguro, é bem provável que o produto chegue ao mercado com uma infinidade de exclusões a um preço “salgado”.

 

Fonte: Lívia Sousa | Revista Apólice

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