Pontapé inicial dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros foi dado no Brasil, com 27 empresas signatárias
O Brasil é um dos países que mais se destaca dentro dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI, sigla em inglês), pacto assinado em 2012, segundo o líder da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI, sigla em inglês), Butch Bacani. O pontapé inicial do PSI foi dado no Brasil, com 27 empresas signatárias. “Em três anos, o número triplicou e está próximo de 90. Esperamos chegar a 100 em 2016?, afirmou Bacani, que coordenou a Mesa Redonda “O Seguro no Brasil em 2030: fortalecendo o seguro para o desenvolvimento sustentável”, promovida pela Confederação Nacional de Seguros (CNseg), em parceria com UNEP FI, no dia 14 de setembro, em São Paulo.
Christiana Figueres, secretária executiva da UN Framework Convention on Climate Change, afirmou, em mensagem de vídeo exibido no encontro, que tem profunda admiração pelos passos já tomados pelas seguradoras brasileiras. “Não é exagero dizer que o setor está liderando o caminho das discussões sobre a mudança climática. Na realidade, crescimento sustentável e resiliente só será verdade se mitigarmos esse risco”, enfatizou Figueres. Segundo ela, este é um ano decisivo para a próxima conferência sobre o clima, que reunirá sob a sigla da ONU seus 195 países-membros, de 30 de novembro a 11 de dezembro em Le Bourget, norte de Paris.
A comunidade internacional estabeleceu como objetivo o limite a 2°C no aumento na temperatura causado pelas emissões de gases de efeito estufa – caso contrário, um impacto grave e irreversível será causado ao planeta. “Vivemos num mundo incerto e interconectado e isso exige cuidados com as mudanças climáticas, que geram catástrofes naturais que tiram vidas e comprometem os governos financeiramente diante das perdas geradas. E a indústria de seguros tem muito a contribuir com essa iniciativa”, afirmou.
Os compromissos assumidos individualmente pelas companhias de seguros podem gerar mudanças significativas, considerando-se que a indústria de seguros tem uma carteira de investimento superior a US$ 30 trilhões e vendas anuais de contratos de proteção próximas de US$ 5 trilhões. Swiss Re, Munich Re, AXA, Aviva e a australiana IAG foram alguns dos exemplos internacionais citados por Bacani e Christiana Figueres.
A Swiss Re, por exemplo, foi a primeira empresa do setor a desenvolver uma estratégia de sustentabilidade, não só de subscrição de risco, exigindo que seus clientes adotem políticas sustentáveis, como também sua política de investimento tem como missão aplicar em papéis de empresas que adotam ações eficientes para combater a corrupção, trabalho escravo entre outros itens incluídos nos PSI.
Entre as iniciativas adotadas pelo grupo BB Mapfre, a executiva citou que em 2014, o grupo apoiou 41 projetos socioculturais, desenvolvidos por 48 instituições em todo o Brasil e que beneficiaram mais de 3,6 milhões de pessoas. Na SulAmérica, sustentabilidade é um tema estratégico e a novidade ficou por conta de agora estar dedicada ao engajamento dos corretores ao PSI, da qual é signatária desde o início.
A Porto Seguro apresentou várias iniciativas, sendo a filosofia que norteou a criação da empresa Renova Ecopeças, a que mais despertou o interesse da plateia. “Nos Estados Unidos, 95% dos carros que saem de circulação são reciclados. No Brasil apenas 1%”, citou Edson Frizzarim, diretor, Porto Seguro. A Renova Ecopeças é pioneira na reciclagem e reaproveitamento de peças e componentes automotivos. Todos os processos, pessoas e parceiros envolvidos com a Renova seguem um rígido padrão de responsabilidade ambiental e compromisso social. Além de oferecer peças com qualidade, garantia e de baixo custo, a Renova também oferece soluções para o descarte adequado de veículos em final de vida útil. Com i sso, proporciona a redução do consumo de recursos naturais e evita o risco de poluição do meio ambiente.
Após as apresentações das ações já adotadas e também das que constam na agenda de 2015, foi a vez dos técnicos do governo sinalizarem de que forma as parcerias públicos privadas podem contribuir para a adoção de práticas sustentáveis em toda a cadeia. Rodomarque Meira, do Banco Central, afirmou que a política adotada pelas instituições financeiras têm de ser efetivas. “Não adianta ter uma política linda. O BC quer mecanismos que avaliem as atividades relacionadas com setores econômicos com alta exposição de risco social e ambiental. Tem de ter plano de ação com datas fatos e evidências, pois isso será cobrado pelo supervisor em breve”, afirmou.
Já a técnica da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Natalie Hurtado, citou que o setor tem de tirar temas que estão na pauta secundária para a pauta de prioridades. Ela afirmou que o setor deve ter maior engajamento para criar no Brasil um polo de resseguros da América Latina e também enfatizou que as seguradoras precisam lançar produtos com preços acessíveis para a população. “Hoje não temos produtos com preços acessíveis que atendam as necessidades de toda a população “.
A diretora executiva da Confederação, Solange Beatriz Palheiro Mendes, mencionou alguns dos avanços das conversas mantidas entre a CNseg e a Susep nesses temas e enfatizou que para o setor avançar tem de ter mais liberdade. “Um setor regulado busca o diálogo para se estabelecer o ponto ideal da liberdade com a responsabilidade”, comentou, acrescentando que políticas públicas são necessárias, mas tem de ficar claro o papel do estado e do setor privado. “Temos de ter esse diálogo e entender quais as ferramentas desenvolver para atingir a modernidade exigida do setor dentro do PSI”.
Segundo Solange, as questões-chave da sustentabilidade são consideradas nas decisões estratégicas das empresas não somente para atender a uma demanda atual da sociedade, mas, principalmente, em busca de uma estabilidade financeira e reputacional de longo prazo e a CNseg chama para si a tarefa de influenciar o comportamento das empresas, consumidores e da sociedade de forma geral a dar um passo mais firme neste sentido”, analisa, concluindo que o mercado de seguros tem uma relação direta com o gerenciamento de risco, com um olhar mais aguçado do que outros setores.
Fonte: JRS Comunicação