O avanço tecnológico tem impulsionado a criação de cada vez mais ‘startups’ em Portugal, algumas com soluções totalmente inovadoras que prometem revolucionar os seguros tradicionais

É cada vez maior o número de startups a surgir no mercado, algumas focadas em tecnologia associada ao setor da banca, conhecidas como fintech, e outras com tecnologia orientada para o setor segurador, as insurtech. Em Portugal, o desenvolvimento das insurtech tem sido mais lento e, na maioria dos casos, estas optam por se posicionarem a nível internacional, devido à maior abertura do mercado a este tipo de tecnologia e consequente potencial de crescimento.

“A indústria de insurtech em Portugal ainda é muito reduzida e não temos visto exemplos de uso em Portugal. Conhecemos alguns casos, mas que estão a posicionar-se a nível internacional”, admite Pedro Pinto Coelho, presidente da Associação de Fintech e Insurtech Portugal (AFIP), em declarações ao ECO.

Porém, é necessário investir no desenvolvimento de mais projetos a nível das insurtech: “A nossa preocupação resulta de não haver mais iniciativas para oferecer soluções inovadoras tal como assistimos em outros mercados”, acrescentou o presidente da AFIP.

Para melhor compreender o impacto destas iniciativas, o ECO entrevistou os responsáveis de cinco startups para conhecer o trabalho que estão a desenvolver.

Ibshurance/Activetech

João Medina, CEO da IBSHurance/ ActiveTech explica que esta startup foi fundada por uma equipa de profissionais que trabalharam em diferentes áreas do setor segurador. Isso permitiu-lhes desenvolver uma solução “web/app altamente flexível” que agrega uma variedade de funções desde front office para apoio das equipas no terreno; backoffice, para apoio dos departamentos internos, que permite configurar processos e distribuir automaticamente tarefas às equipas; integração de dados de diferentes sistemas informáticos num só local; e ainda uma análise estatística aprofundada, com uma perspetiva 360º em tempo real.

Deste modo, esta solução permite às seguradoras aumentar em 65% a produtividade das suas equipas, reduzir os custos em 75% através da eliminação das tarefas redundantes e, consequentemente, melhorar a experiência de serviço dos seus clientes. Como explica João Medina, esta solução faz com que os processos de sinistros/assistência “sejam executados de forma mais célere e eficiente, informando em tempo real e de forma pró-ativa o consumidor sobre o andamento do seu processo de sinistro através de diversos canais disponíveis”.

MySeg

Duarte Leite de Castro, CEO da MySeg explica o conceito desta startup: “A MySeg é uma aplicação gratuita (iOS, Android e Web) que permite aos clientes gerir e otimizar os seus seguros através de um smartphone ou pc. Com a MySeg, pode aceder num só sítio e consultar toda a informação sobre os seus seguros, esclarecer dúvidas, melhorar as condições atuais ou contratar novos seguros.”

O grande objetivo desta startup é o de melhorar a experiência do cliente de seguros, reunindo toda a informação relativa aos diferentes seguros que possui num só local, facilitando todo o processo de gestão dos mesmos. Apesar de ser recente, os dados revelam que esta aplicação tem permitido aos clientes fazer poupanças diretas, otimizar as coberturas dos seguros que possuem e melhorar a sua experiência.

Paylink Solutions

Luís Filipe Moreira, Iberia country manager da Paylink Solutions dá a conhecer o potencial desta startup para o setor segurador: “A Paylink Solutions pertence ao grupo Totemic, especializado em diferentes serviços financeiros, enquadrados para todos o ciclo de vida de um crédito independentemente da indústria, e o exemplo são os vários clientes que temos no mercado imobiliário, bem como na indústria seguradora através da Building Block Insurance. A Building Block Insurance na prática é uma seguradora de nicho. Isto é, ao contrário das seguradoras tradicionais que têm vários produtos ‘standard’ já desenvolvidos, Vida, Automóvel, etc., na Building Block Insurance desenhamos e desenvolvemos toda a criação de um determinado seguro de acordo com os requisitos do nosso distribuidor em função das suas necessidades.”

Deste modo, as soluções desta startup concentram-se “na experiência do cliente – tornando mais fácil para os consumidores fornecer informações reais e precisas, o que permite tomar decisões rápidas e com menos risco”. Isto possibilita a criação de novos produtos feitos “à medida” e uma gestão mais rápida e eficiente do seguro.

UpHill

Eduardo Freire Rodrigues, CEO da UpHill, explica ao ECO como a melhoria da tecnologia no setor da saúde, poderá melhorar o atendimento do cliente, assim como otimizar processos relacionados com acidentes de trabalho: “A UpHill desenvolve software para treino clínico avançado e análise da compliance com protocolos de boas-práticas. Os nossos produtos estão nas unidades de saúde e, depois do Protechting (programa de aceleração para startups), estamos a desenvolver a aplicação do nosso software para otimização da avaliação de acidentes de trabalho, nomeadamente na determinação do nexo de causalidade.”

Tendo como clientes dois grandes grupos privados de saúde em Portugal, o software desenvolvido por esta ‘startup’ permite uma melhor performance dos profissionais de saúde, que terá diversos benefícios para o consumidor como o acesso a cuidados de saúde uniformes e “mais próximos das boas práticas internacionais”.

Visor.ai

Lançada em 2016 e vencedora do Protechting em 2017, esta startup dedica-se ao desenvolvimento de chatbots: “Na Visor.ai ajudamos grandes empresas a automatizar as suas interações retirando assim carga dos seus canais de atendimento. Fazemo-lo através de chatbots, que são assistentes virtuais e que simulam uma conversação humana com o cliente através de um canal de chat com recurso a inteligência artificial. Para isso utilizamos as nossas próprias plataformas que combinam Machine Learning e Processamento de Linguagem Natural”, explica fonte oficial da empresa.

Esta abordagem tecnológica é cada vez mais procurada por diversos setores, dos quais se destaca o setor segurador, pois “estes podem trazer valor de várias formas e em diferentes momentos da cadeia de valor, e prova disso são os vários projetos que estamos a desenvolver com duas das principais seguradoras a nível nacional”.

Num dos casos, estes chatbot estão a ser implementados tanto a nível interno, servindo de ponto de contacto entre a rede de mediadores e o contact center, e também a nível externo, aberto ao público, através de um webchat no website da empresa, que tem dois objetivos distintos: a geração de leads comerciais para captar mais negócio nos ramos automóvel e saúde, e ainda criar um apoio para responder às principais questões dos utilizadores como apoio do serviço ao cliente. Deste modo, o grande potencial desta inovação para o consumidor é este poder ter acesso a um assistente comercial, adaptado às necessidades de cada empresa e respetivos clientes, 24 horas por dia e 7 dias por semana.

 

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