Alavancado pelo aumento do interesse da população sobre as vantagens do produto, o montante negociado em apólices de seguros residenciais na Bahia cresceu 19,5% em 2018 comparado ao ano anterior. A projeção é a de que a fatia de mercado ocupada pelo setor no estado se expanda, ultrapassando a média nacional. A Federação Nacional de Seguros (Fenseg) projeta expansão de 6% do negócio de seguros residenciais no país até o final do ano. A Bahia deve ultrapassar os 8%.
Para se ter uma ideia, de janeiro a junho, ainda de acordo com a Fenseg, foi negociado um montante de R$ 36.663.289 em seguros residenciais no estado, um incremento de 1,68% em relação ao mesmo período do ano passado. Em uma média histórica, de 2014 a 2018, houve um crescimento de 27%, segundo levantamento do Sindicato das Seguradoras da Bahia, Sergipe e Tocantins (Sindiseg).
Apólices de seguro de imóveis hoje vão muito além da cobertura básica de sinistros e oferecem serviços adicionais, como de encanador, eletricista e chaveiro, consertos de aparelhos eletrodomésticos, entre outras vantagens, o que tem motivado o consumidor a adquirir o produto. Isso, com bom custo-benefício em relação à cobertura adquirida – o que se paga pelos adicionais é pouco sentido no bolso.
Apesar do avanço nas vendas de seguros residenciais, apenas 5% dos imóveis no estado estão cobertos por apólices de seguro, o que demonstra que há um mercado amplo a ser explorado pelas seguradoras. Há foco também em condomínios, cujos seguros são básicos, mas não cobrem o que está dentro da residência – é também por aí que as seguradoras pretendem seduzir clientes.
Estratégias comerciais
O crescimento do mercado também se explica pela inovação de estratégias comerciais, diz o diretor do Sindiseg, Nelson Uzêda. Se, por um lado, o consumidor passou a conhecer mais o produto seguro residencial e suas vantagens, por outro, seguradoras oferecem vantagens no seguro residencial no ato de aquisição de outro seguro, como o de automóveis, por exemplo.
“No ato do fechamento do negócio, como seguro de automóvel, se oferece o seguro residencial. Outro momento é o do financiamento do imóvel, seja novo ou usado, a instituição financeira também mostra as vantagens de se ter seguro residencial. Há ainda no mercado de locação de imóveis estratégias para venda do seguro residencial”, explica Uzêda.
Serviços customizados
Diferentemente do seguro de automóveis que tem custo elevado, o seguro residencial é bem mais em conta em relação ao benefício que oferece. Em um exemplo, uma casa avaliada em R$ 250 mil provavelmente terá um custo anual de seguro de R$ 200 para um seguro básico com adicionais, que cobre normalmente incêndio, explosão, fumaça, queda de aeronave e outros serviços customizados a partir do perfil do consumidor.
Danúbia Macedo, casada e mãe de duas crianças, não pensou duas vezes quando, em um sábado à noite, a geladeira da residência parou de funcionar, com um estoque grande de alimentos dentro: chamou o seguro.
“Domingo pela manhã resolvemos o problema porque o seguro enviou pessoal especializado no serviço. Eles diagnosticaram o problema, compramos a peça da geladeira, e o próprio pessoal instalou. Não houve cobrança da visita técnica. Isso seria difícil de ocorrer se não fosse o seguro”, conta.
O seu apartamento, localizado no município de Lauro de Freitas, está avaliado em R$ 245 mil. A apólice de seguros custou R$ 200 por um ano, com cobertura de incêndio, fumaça, explosão, queda de aeronave e serviços adicionais – quase o valor de uma visita técnica de assistência autorizada de eletrodomésticos. Em outra ocasião, o vidro da porta da varanda quebrou. Chamou o seguro e trocou o objeto.
“Já tenho a cultura do seguro, do carro, da previdência e estendi isso à residência. É uma questão de segurança familiar”, opina Danúbia.
Pode até parecer improvável que uma aeronave cairá sobre o teto de uma residência. Mas outros sinistros ocorrem com certa frequência. Em um levantamento sobre sinistros mais recorrentes no Brasil, a Brasilseg, empresa da BB Seguros, identificou, por exemplo, que danos elétricos e por vendaval são os mais recorrentes. Mas há casos de indenizações por incêndio, explosões e queda de raio, por exemplo, que responderam por R$ 6 milhões de janeiro a julho deste ano.
5% das residências
“O mercado de seguro residencial na Bahia vem crescendo acima da média do Brasil; ainda assim, há um potencial enorme a explorar, pois menos de 5% das residências do estado são protegidas por algum seguro”, diz Jarbas Medeiros, presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais Massificados da Fenseg. O motivo da baixa adesão, até então, seria o desconhecimento do custo-benefício dos seguros residenciais. Mas o cenário está mudando rapidamente.
As coberturas mais contratadas na Bahia, informa a Fenseg, são contra os riscos de incêndio, danos elétricos e roubo de bens – que podem proteger tanto casas quanto apartamentos, sejam de moradia ou de veraneio.
Embora nunca tenha precisado, Diran Alves Braga, 80 anos, fecha apólices de seguro residencial há mais de 20 anos. “A primeira casa que eu comprei, já saí do banco com o seguro”, conta ele, que é pai de dois filhos já casados. Diran acaba de renovar o seguro residencial de um apartamento no Jardim Armação por R$ 298 pelo período de um ano. O apartamento está avaliado na faixa dos R$ 550 mil.
“Meu seguro cobre incêndio, explosão, fumaça, queda de aeronaves. Mas cobre qualquer coisa também: tem eletricista, encanador… se eu precisar, é só chamar”, diz ele. De fato, diz Jarbas Medeiros, um dos pontos importantes que levam as pessoas a contratarem apólices de seguro são os serviços adicionais.
“As seguradoras disponibilizam serviços de assistência que trazem comodidade aos clientes e facilitam o dia a dia das pessoas. Os serviços mais utilizados pelos clientes na Bahia são aqueles de chaveiro, eletricista, encanador, conserto de máquinas de lavar, fogões, entre outros”, diz.
Mas, para Diran, o que importa mesmo é dormir tranquilo: “Você tem segurança, sabe que seu patrimônio está resguardado. Eu durmo tranquilo. Se vai acontecer um problema, não sei, mas sei que durmo tranquilo porque o apartamento está seguro”.
Escrito ou enviado por: Regina Bochicchio