A perda do selo de grau de investimento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) pode enxugar a capacidade do mercado de seguro brasileiro, na opinião do consultor André Gregori, ex-presidente da seguradora e da resseguradora do BTG Pactual. Sobre as ofertas inicias de ações (IPOs, na sigla em inglês) de players do segmento, como da Caixa Seguridade e do ressegurador IRB Brasil Re, ele afirma que o impacto pode ser para qualquer empresa que esteja na fila para abrir capital.

“É difícil ter IPO em um cenário com o País abaixo do investment grade em geral não só para players do mercado de seguro. Alguns investidores têm restrições em alocar recursos em países sem grau de investimento e a principal demanda vem de investidores internacionais”, lembra Gregori, à Agência Estado, acrescentando que o IRB pode ser beneficiado neste momento por ter capital local.

Nos últimos anos, o setor de seguros e resseguros vive um momento bastante soft, ou seja, por conta do excesso de oferta de resseguro, os preços cobrados estavam sofrendo pressão para baixo. Gregori não acredita que o rebaixamento do Brasil deve alterar o cenário para hard market, ou seja, menos competitivo por conta de pouca capacidade, mas que haverá uma boa redução.

“As empresas resseguradoras devem ficar mais conservadores na subscrição (análise e aceitação de risco) e talvez isso altere um pouco o preço, mas a capacidade vai diminuir bem. Se pudéssemos classificar, de super soft, a situação deve recuar apenas para soft”, explica Gregori.

Esse é o cenário mesmo que o Brasil seja rebaixado por mais uma agência, o que deve acontecer, na opinião do consultor. Gregori lembra ainda que a última vez que o Brasil enfrentou falta de capacidade foi em meados de 2008 e 2009, quando o mercado global foi impactado pela crise financeira, principalmente, os Estados Unidos. Pondera, entretanto, que a falta de grandes sinistros como, por exemplo, do Tsunami, na Indonésia, no final de 2004, pode evitar uma redução ainda maior de capacidade no mercado..

A crise no Brasil já tem refletido no desempenho do mercado de seguros acostumado a crescer dois dígitos nos últimos anos. De janeiro a junho, o setor cresceu um dígito, em termos reais. Sem descontar a inflação, conforme a Susep, a expansão foi de 12,1%, para R$ 86,2 bilhões em prêmios, conforme a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), sem levar em conta o segmento de saúde. Para este ano, a Susep prevê expansão real de 6%.

Fonte: Agência Estado

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