Entre as muitas atividades pouco conhecidas pelo grande público, no mundo inteiro, o seguro ocupa lugar de destaque. Pode ser que existam outros setores desconhecidos, mas nenhum é mais desconhecido do que ele.

Se a regra vale para os países mais desenvolvidos, onde a contratação de seguro é normal entre boa parte da população, imagine num país pobre, com altas taxas de analfabetismo funcional, onde os contratos não fazem parte da vida de mais de cem milhões de habitantes.

O problema é que o desconhecimento faz com que o instituto seja mal compreendido, levando a avaliações negativas, que, curiosamente, têm como contraponto, por exemplo, no Brasil, os planos de saúde privados como um dos sonhos de consumo da população.

Ora, se seguro não funciona, por que a população sonha com um de seus produtos, que, além de tudo, é caro? A contradição é explicada pelo desconhecimento do quê, para que serve e como funciona uma das operações de proteção social mais antigas desenvolvidas pelo homem.

A maioria das pessoas mais ou menos familiarizada com seguros imagina que ele nasceu na Inglaterra do século 18. Praticamente ninguém sabe que suas origens remontam há mais de mil anos antes de Cristo, conforme atestam tábuas de escrita cuneiforme, encontradas na Mesopotâmia, com princípios e regras muito parecidos com os atuais.

Menos gente ainda sabe que parte do sucesso das cidades estados italianas está baseado em apólices de seguros, que garantiam suas operações comerciais, ou que, por volta de 1350, o rei português criou uma companhia de seguros que foi uma das responsáveis por, menos de cem anos depois, os navegadores portugueses “descobrirem o mundo” para a Europa. Mas as pessoas no Brasil não conhecerem estes fatos não foge à regra, seja onde for. Não há porque alguém conhecer detalhes da história de um segmento econômico específico, ainda mais quando ele tem pouca divulgação e nenhuma razão para ser charmoso.

Mesmo quem trabalha no setor nem sempre conhece mais do que aquilo que faz. É assim que corretores de automóveis raramente sabem como contratar eficientemente uma apólice sofisticada. Da mesma forma que os funcionários das seguradoras envolvidos com sinistros massificados mal e mal têm noção do que seja resseguro. Não é um fenômeno brasileiro. Na Europa a realidade é muito parecida e nos Estados Unidos não é diferente.

Todavia, no Brasil temos mais um complicador. O baixo nível de escolaridade da população faz com que parte da população não tenha qualquer familiaridade com contratos escritos. E o seguro não só é um contrato escrito, como é um contrato com palavras difíceis.

Como a ideia de mutualismo está fora do dia a dia destas pessoas, elas não entendem, por exemplo, por que, quando não usam o seguro, o dinheiro do prêmio não lhes é devolvido. Aliás, elas não sabem sequer – juntamente com pessoas em posições importantes – que prêmio não é o que a seguradora paga, mas o que a seguradora recebe. É por isso que o setor se unir para divulgar o que é o instituto do seguro é da maior importância para ele, mas, principalmente, para a sociedade. Um melhor conhecimento do setor facilitará a compreensão prática de palavras como proteção, solidariedade, trabalho em equipe, compartilhamento, poupança, desenvolvimento, etc.

São conceitos que estão na base da operação de seguro, ao mesmo tempo que são os grandes responsáveis pelo extraordinário desenvolvimento humano e por tudo o que nos facilita a vida nos dias de hoje. Por exemplo, as redes sociais não são mais do que estes conceitos aplicados ao dia a dia da humanidade.

As primeiras ações já estão saindo do papel e se transformando em realidade, como os seminários sobre educação financeira, que contam inclusive com a participação da Superintendência de Seguros Privados, a SUSEP, que é o órgão fiscalizador do setor de seguros.

Ou seja, o objetivo de todos é disseminar o conhecimento do seguro entre a população, se valendo, entre outros canais, das escolas como meio de divulgação. Quanto mais cedo a parceria entre seguradores e corretores de seguros para a criação de um amplo projeto de divulgação do seguro for paras as ruas, mais rapidamente a sociedade brasileira contará com uma ferramenta importante para sua proteção e para seu amadurecimento social.

Fonte: Antonio Penteado Mendonça – Sindseg-SP

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