A população com 59 anos de idade ou mais é a que mais contratou planos de saúde no Brasil nos 12 meses encerrados em setembro de 2014. O dado consta do boletim “Saúde Suplementar em Números”, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess). Ao contrário do que se costuma pensar, é a contratação dos planos médico-hospitalares por pessoas com 59 anos de idade ou mais que tem impulsionado o mercado com crescimento em ritmo mais de duas vezes superior ao dos beneficiários com até 18 anos.

 

Na comparação entre o terceiro trimestre de 2014 e o mesmo período de 2013, o total de beneficiários com 59 anos ou mais cresceu 4,6%. No mesmo período, o total de beneficiários com idade entre 19 e 58 anos avançou 2,8%, e o de beneficiários com até 18 anos, 2%. Em números absolutos, o país já conta com 6,3 milhões beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares com 59 anos ou mais. “A maior participação da população idosa na contratação de planos de saúde está diretamente relacionada ao processo de envelhecimento populacional que o Brasil começa a viver”, explica Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do Iess.

 

Segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país já conta com 11,3% da população com 60 anos ou mais. Ainda de acordo com o IBGE, a população de idosos deve alcançar 18,6% do total já em 2030, o que levanta questões sobre o impacto do envelhecimento na saúde suplementar, no SUS e, também, na previdência.

 

Outro ponto que merece destaque no boletim é a redução de ritmo da contratação de planos de saúde médico-hospitalares, que desaceleraram em sintonia com o fraco desempenho da economia. O boletim constata que, considerando as comparações dos terceiros trimestres de 2010 a 2014, a taxa de crescimento em 12 meses do total de beneficiários cedeu de 5,9%, em 2010, para 2,8%, em 2014. Essa desaceleração na taxa de crescimento acompanhou o menor ritmo do crescimento do PIB no período.

 

A contratação de planos de saúde médico-hospitalares cresceu 2,8% entre setembro de 2014 e o mesmo mês do ano anterior. Houve, em números absolutos, acréscimo de 1,4 milhão de beneficiários, o que equivale a praticamente toda a população de Porto Alegre (1,47 milhão de pessoas). Com o resultado, o total de vínculos chegou a 50,6 milhões. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional recuou 0,2%.

 

“O momento econômico é de incerteza e expectativa. Se a economia melhorar, o mercado de planos de saúde acompanhará o crescimento”, afirma Carneiro. Ele explica que, embora as contratações dos planos registrem crescimento superior ao PIB, observa-se uma desaceleração consideravelmente acentuada entre o terceiro trimestre de 2010 e o mesmo período de 2014. “Esse é um indicativo importante de queda de ritmo”, analisa.

 

A desaceleração se mostra de forma mais acentuada na contratação de planos coletivos empresariais, aqueles que são disponibilizados pelas empresas para os seus funcionários. Esse tipo de plano saiu de um patamar de crescimento de 11,1 %, no terceiro trimestre de 2010 em comparação ao mesmo período do ano anterior, para uma alta de 3,8%, no terceiro trimestre de 2014. No terceiro trimestre de 2013, o crescimento foi de 6,4%. “O índice de 3,8% ainda é alto, mas já foi melhor”, compara Carneiro.

 

O superintendente-executivo do Iess explica que o crescimento ainda alto dos planos coletivos empresariais se deve ao fato de que, apesar da retração do PIB, o saldo líquido de criação de postos de trabalho tem se mantido positivo (ainda que também esteja crescendo em ritmo bastante inferior ao registrados em períodos anteriores). Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, indicam a criação de pouco mais de 290 mil vagas de trabalho no terceiro trimestre de 2014. “O benefício do plano de saúde é fundamental para a atratividade e retenção de talentos nas empresas. Por isso, é compreensível que esse tipo de plano continue crescendo, mas a persistente desaceleração da economia pode indicar uma tendência de desaceleração do setor”, afirma.

 

Fonte: Segs

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