A tecnologia no setor de seguros esta chacoalhando seguradoras e corretoras na disputa por clientes. Em 2017, as empresas de inovação tecnológica no setor de seguros, chamadas insuretechs, lançaram ferramentas com aplicativo (app) no celular para o consumidor cotar, fazer vistoria, contratar e pagar o seguro. Tudo online, por mobile ou site, até mesmo na hora de pedir socorro e indenização após imprevistos. Pelo menos, duas das ferramentas, apresentadas ao mercado neste ano, agregam uma área para o corretor gerenciar a própria carteira de clientes indicados. As duas estão na disputa por corretores que buscam, sim, facilidades no trabalho deles.
Para o sócio da LTSeg Corretora e Administradora de Seguros, Caio Timbó, de 31 anos, o setor necessita de automação de processos para facilitar o trabalho e o atendimento dentro do prazo aceito pelos cliente em meio online, como cotação imediata, pagamento e contratação. “O corretor que ficar distante das ferramentas modernas, presos a processos antigos, vai ter dificuldade de vender para os consumidores mais jovens”, afirma. Consumidores digitais querem acesso rápido, personalizado, com transparência e comprovantes imediatos em cada operação feita.
No entanto, tem de ficar claro que a digitalização e automação de processos não serve para todos os segmentos e ramos do setor de seguros. Timbó explica que, na LTSeg Corretora, as centenas de clientes do segmento jurídico (construtoras, fundos de investimentos, indústrias no setor de energia, óleo e gás, entre outras) demandam diferentes proteções. “Meus clientes gostam de ser tratados de modo personalizado. Têm necessidades diferentes. O mote da minha empresa é o trabalho consultivo”, afirma Timbó.
Essa é uma das vertentes da LTSeg Corretora. Outra vertente que a LTSeg já detectou foi a necessidade de uma proteção específica que poderia ser automatizada em uma ferramenta online. Foi o que ocorreu. A LTSeg desenvolveu uma plataforma voltada à oferta de seguro para esse nicho. “Ainda não posso divulgar detalhes da ferramenta online”, diz. Timbó apenas conta que a maior parte, 90% da plataforma, está concluída, na fase de integração com algumas seguradoras. A perspectiva é de lançamento dessa plataforma no início de 2018.
Proprietário da Amparo Seguros, o corretor Deivid Santos, de 35 anos, conta que tem procurado novas tecnologias para aproveitar todas as oportunidades que o mercado oferece. “A inovação tecnológica ajuda a desenvolver meu trabalho, seja de corretor, de vendedor, de captador de clientes”, afirma.
Sem salário fixo, Santos diz que dá sim para atingir R$ 45 mil de vendas em um único dia, com a comissão de 10%, quando leva aos clientes produtos relacionados a um determinado produto. “Faço questão de me encontrar pessoalmente com clientes, olho no olho, para detalhar cada uma da tecnologias envolvidas no que ofereço: equipamento automotivo, seguro de carro, e serviço de gestão de frota e de carga. Quem não é visto, não é lembrado. De cada 10 clientes, pelo menos, um sela o negócio com aperto de mão”, explica.
Para começar, Santos tem contrato com a marca Snap On, com sede nos Estados Unidos. A Snap On produz equipamentos automotivos ultrassofisticados (scanner de diagnóstico em carros, alinhador 3D, entre outros). Atuando como influenciador da empresa norte-americana no Brasil, quando visita o cliente interessado nesse equipamento, Santos já oferece o serviço de gestão de frotas e de monitoramento de veículos e de cargas. Ele também é o influenciador da Sascar, do grupo Michelin, recebimento comissão pelos contratos fechados.
Santos conta ainda que baixou em seu celular o app de um marketplace de seguros independente, criado por uma insuretech, que promete remunerar corretores que captarem clientes. “A cada conversão feita e a cada seguro auto contratado, vou ganhar pontos para serem trocados por dinheiro. Esse tipo de negócio me interessa”, conta. “Quanto mais parcerias relacionados a automóveis, maior o retorno financeiro. Tudo o que apresento de tecnologia relacionada a carros, as pessoas se interessam. Elas querem facilitar a vida delas. Eu ofereço essas facilidades”, completa.
Cliente e investidora de um banco sem uma agência física, Maria Fernanda Martins, de 34 anos, é outra fissurada por tecnologia. Fernanda se hospeda em residências compartilhadas pelo Airbnb e usa o serviço do Transferwise para transferência de dinheiro entre países. “Tenho pesquisados novas tecnologias para facilitar meu trabalho no setor de seguros, mas ainda não encontrei uma ferramenta eficiente com custo acessível a pequenas corretoras”, afirma. Faço a gestão dos clientes e das seguradoras sozinha. No máximo, uso a planilha do excel”, diz.
Em julho passado, Fernanda iniciou seu próprio negócio, a MFmais Soluções em Seguros, depois de deixar uma grande empresa na qual atuava com seguros. O corretor tem o importante papel de traduzir aos clientes detalhes do produto que eles não conseguem entender. Essa necessidade não vai acabar, mesmo com toda tecnologia envolvida no processo”, diz.
O vice-presidente de Relações de Mercado da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), Dorival Alves de Sousa, também presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Distrito Federal (Sincor-DF), reconhece que o corretor jovem, na faixa de 20 a 30 anos, já domina a tecnologia no dia a dia do trabalho. Enquanto que, os profissionais mais experientes, com conhecimento amplo dos produtos, precisam se aperfeiçoar no uso da tecnologia para se adaptarem à nova realidade do mercado.
Diante do crescente número de insuretechs no País, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) afirma acompanhar a modernização do setor. Sabemos que o corretor que ficar preso aos processos burocráticos antigos, vai ter dificuldade de vender para consumidores mais jovens, com certeza. Mas, todos os avanços nesse setor devem respeitar as normas do órgão regulador”, afirmou o diretor de informações da Susep, Hugo Mentzingen, durante evento de insurtechs, realizado em 18 de agosto.
Fonte: Adriana Aguilar