Novos produtos, continuidade de expansão de algumas modalidades e PIB positivo estão no radar de lideranças para 2017
O desemprego em alta, a perda de poder de compra dos salários e a contração de atividades econômicas mais demandantes de seguros estão entre os motivos da desaceleração do mercado segurador em 2016. E tais fatores continuarão a ser determinantes do comportamento em 2017, ao lado da regulamentação de novos produtos pela Susep. Nesse quadro macroeconômico ainda adverso- o PIB deve cair mais de 3% em 2016-, o mais provável é que o mercado consolidado (seguros, capitalização, previdência e vida; e saúde suplementar) feche o ano de 2016 com uma expansão nominal entre um dígito (o piso é 8%) e dois dígitos (10% no teto), se a venda de planos de previdência privada avançar nessas últimas semanas do ano, como é a tradição. Em 2017, considerando-se ainda a mesma faixa de 8% a 10% de crescimento anual, pode haver uma evolução de um ponto percentual no piso ou teto das margens de evolução do mercado segurador (alta entre 9% e 11%, portanto), porque a economia deve recuperar a trajetória positiva e existe a perspectiva de regulamentação de novos produtos- como o Universal Life ou Prev Saúde-, de continuidade de expansão de algumas modalidades, casos dos seguros Rural, de Garantia, Habitacional, entre outros. Apenas no Rural, há um mercado potencial de 61,4 milhões de hectares não cobertos pela apólice. No caso do Universal Life, o número de potenciais beneficiários estimado pelo mercado é de 125 milhões; e no Prev Saúde, 42,2 milhões clientes potenciais com até 60 anos. O balanço do ano e as perspectivas para 2017 do mercado foram os temas predominantes do encontro Almoço com a Imprensa, que reuniu dirigentes da CNseg (Marcio Coriolano) e de suas associadas – Fenseg (João Francisco Borges da Costa); FenaSaúde (Solange Beatriz Palheiro Mendes); FenaPrevi (Edson Franco); FenaCap (Marco Barros) – e profissionais de mais de 20 veículos de comunicação, nesta sexta-feira, 9, em São Paulo.
O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, destacou que o mercado segurador foi uma das poucas atividades a permanecer com crescimento nominal positivo em um ano em que a grande maioria dos setores produtivos sucumbiu ao segundo ano consecutivo de severa retração econômica. Até setembro, o mercado segurador teve crescimento nominal de 7,17%, enquanto a produção industrial retrocedeu 7,8%; indústria de transformação (-7%); a produção de bens de consumo duráveis (-18,6%); a fabricação de automóveis (-17%); venda de eletrodoméstico (-13,9%); venda de veículos (-14,6%); e financiamento imobiliário com recursos da poupança e FGTS (-41,5%), exemplificou ele, para quem a resiliência do mercado é também uma sinalização de que empresas e pessoas continuam a ter o seguro como um instrumento importante para suportar eventuais perdas materiais e danos pessoais, apesar da margem de lucro mais apertada, da retração, do desemprego acentuado e renda em queda. Há também novas oportunidades com o Seguro Auto Popular, com conta com um mercado potencial de 20 milhões de veículos com idade entre cinco e 20 anos de uso; a perspectiva de novas concessões de obras públicas, o que pode puxar a contratação do Seguro-Garantia e, sobretudo, aumentar sua receita, com a provável legislação que aumentará sua participação para 30% dos valores das licitações. Na Capitalização, o público potencial soma 147 milhões. Finalmente, a Reforma da Previdência Social deve elevar gradualmente a demanda por planos privados, mesmo em um quadro ainda adverso para o emprego e renda. Curiosamente, em 2015 o mercado segurador, apesar da recessão econômica, obteve uma expansão de 11,6%, totalizando uma receita de R$365 bilhões, incluindo Saúde Suplementar, informou o presidente da CNseg, Marcio Coriolano. Já as indenizações subiram mais em termos percentuais, 13,1%, somando R$ 234,5 bilhões. Em 2016, a piora da percepção da crise econômica fez a arrecadação do mercado segurador desacelerar para 3,63% no primeiro trimestre (R$ 51,9 bilhões) contra o mesmo período de 2015 (R$ 50,1 bilhões); e melhorar gradualmente a cada trimestre seguinte- subiu para 8,83% de maio a junho; de 8,75% de julho a setembro). No acumulado do ano até outubro, a taxa de expansão nominal é de 7,89%, totalizando R$ 189,6 bilhões, e pode subir ainda mais com a venda de planos de previdência (VGBL e PGBL).
Nos seguros de propriedade, assim como ocorreu em 2016, o mercado continuará apostando as fichas no desempenho de outras carteiras para enfrentar o forte quadro de desaceleração dos negócios do ramo automóvel, que acompanha a frustração das vendas das montadoras, e terá atenção redobrada para controlar a sinistralidade, sobretudo aquela puxada por roubo e furto de automóveis e de cargas, algo que tem relação direta com a crise financeira dos estados. Segundo o presidente da FenSeg, João Francisco Borges da Costa, além de cuidar dos ramos mais afetados por sinistros, via política de subscrição mais severa e tarifação adequada, o mercado deverá ter novas oportunidades de negócios com o Garantia, com a alta de 14% da safra (seguro Rural), expansão continuada do Residencial e redução dos estoques da carteira habitacional.
Na área de previdência privada, ainda mais com os debates sobre a reforma da Previdência, é esperado um adicional nas captações. “Não será uma avalanche nas captações, porque a taxa de desemprego é alta e a renda está em queda, mas as pessoas vão contratar mais planos de previdência em razão das novas regras discutidas para a Previdência Social”, disse o presidente da FenaPrevi, Edson Franco.
Na Saúde Suplementar, a presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Palheiro Mendes, reconheceu que 2016 foi um ano extremamente difícil para as operadoras de saúde, que conviveram com perda de 1,5 milhão de beneficiários, e o grande desafio da cadeia será reduzir custos operacionais para manter segurados e recuperar, gradualmente, o número de clientes.
Na Capitalização, o mercado, depois de uma forte expansão ocorrida por um ciclo de 10 anos até 2014, continuará a andar de lado a mais curto prazo, porque a conjuntura econômica é menos favorável, e dependerá de novos marcos regulatórios para retomar um avanço mais expressivo nos próximos anos, como sua atuação em habitação, informou o presidente da FenaCap, Marco Barros.
Fonte: CNSeg