Os jovens nascidos entre o começo da década de 80 até meados dos anos 90 destacam-se por ser bem informados, conectados e ávidos consumidores das novidades tecnológicas. Mas, quando o assunto é seguro de vida, a chamada geração Y (ou millennials) ainda não se mostra sensível à necessidade de proteção. É o que revela pesquisa feita pela Icatu Seguros junto a 150 jovens não clientes da seguradora. O estudo revelou que 74% não possuíam seguro de vida, dos quais 33% nunca haviam pensado a respeito, 30% o consideravam caro e 10% jamais haviam sido procurados por um corretor.
Para Aura Rebelo, diretora de marketing e canais da Icatu, o resultado está dentro das expectativas. “De forma geral, o brasileiro não tem a cultura do seguro e não projeta o futuro. Em particular, o jovem acha que nada de mal vai acontecer com ele”, diz.
Mas, para ela, parte da responsabilidade cabe também às seguradoras. “As companhias pecam na comunicação, que é muito técnica e chata. Ainda não encontraram a linguagem para abordar temas como morte e acidentes”, afirma.
Com base em estudos similares feitos nos Estados Unidos, o professor Lauro Vieira de Faria, da Escola Nacional de Seguros, enxerga semelhanças com o universo dos millennials brasileiros. “O seguro não é uma prioridade. Por ser uma geração que demora a sair da casa dos pais, que se casa mais tarde e até abre mão de ter filhos, o millennial busca outras experiências. Vender para este público é o grande desafio das seguradoras”, afirma. Segundo o professor, o meio mais eficiente para se chegar ao jovem é por dispositivos móveis (smartphones ou tablets). “Eles pesquisam antes da compra, não são fiéis às marcas e não têm paciência com o tradicional discurso dos corretores.” Para o professor, o desconhecimento sobre o valor do prêmio pode ser um apelo para as campanhas das seguradoras.
Jorge Nasser, diretor de vida, previdência e capitalização da Bradesco Seguros, concorda em relação à falta de cultura do brasileiro na compra de seguro, mas acredita que as ferramentas on-line não irão substituir o corretor, pelo menos em médio prazo. “Seguro de vida é um produto que precisa ser ofertado e formatado ao cliente conforme o seu perfil. Daí a necessidade de um corretor que esteja preparado para atender um jovem de acordo com suas necessidades.”
Os números da seguradora estão acima do apontado na pesquisa — 14% dos segurados em vida estão entre 18 e 25 anos e 25% na faixa entre 26 anos e 35 anos. “Oferecemos o produto nas agências e mostramos os benefícios das coberturas adicionais, como invalidez total ou permanente, que podem ser usufruídas pelo segurado em vida “, diz.
Segundo Diana Araújo Estevão, gerente técnico de vida da Sompo Seguros, é possível atingir o jovem tanto por dispositivos móveis quanto pelo corretor. “É um público que não é atraído pela cobertura principal, no caso, a indenização por morte. Para conquistá-los, buscamos agregar benefícios adicionais, como assistência à residência 24 horas e cobertura de despesas hospitalares, que em algumas situações não são cobertas pelos planos de saúde.”
Com ênfase no trabalho desenvolvido em meios digitais, como redes sociais e blogueiros, a Porto Seguro conta com cerca de 40% dos segurados na faixa da geração Y. Segundo Fernanda Pasquarelli, superintendente comercial da Porto Seguro Vida e Previdência, já se observa uma procura maior que em anos anteriores, principalmente na cobertura de invalidez por acidentes. “Usamos uma linguagem simples em nossas campanhas, sempre com um tom de recomendação”, afirma.
Segundo Fabiano Lima, diretor de vida e previdência da SulAmérica, em 2016 os millennials representaram 55% dos novos segurados no ramo de vida, sendo que em anos passados, representavam menos de 40%. “A cobertura mais procurada é a de acidentes pessoais. Não se interessam por invalidez por doença”, diz. Nota-se também a maior procura por parte das mulheres – 53% dos segurados, sendo que a média geral é de 40%. “O nascimento de um filho desperta para a proteção”, afirma.
Fonte: Valor Econômico