Por conta da incerteza econômica no futuro, os brasileiros têm buscado cada vez mais na previdência privada uma promessa de segurança financeira. É o tão conhecido pé de meia, só que aprimorado.

Aos 54 anos, a radialista Sebastiana Pereira de Melo, a Cida, resolveu fazer um plano de previdência privada, mas não para ela, e sim para o filho. Ela conta que começou a poupar em 2011, quando ele tinha 13 anos de idade, pensando no investimento nos estudos mais adiante.

“Eu pago até hoje porque ele ainda estuda e não tem renda. Penso que ele poderia aproveitar para iniciar a vida profissional dele, depois que ele se formasse. Mas ainda não ocorreu, só daqui a dois anos”, relata.

Cida diz que chegou a ler sobre o assunto antes de poupar pela primeira vez, e ficou sabendo do seguro por meio da própria imprensa, lendo em jornais e revistas. Em pouco mais de 7 anos, ela já depositou uma boa quantia, já que coloca na previdência aproximadamente 60 reais por mês. A radialista acrescenta que gostaria de ter começado bem antes.

“Minha intenção era desde o início, quando ele nasceu. Acho que o ideal é desde o nascimento, mas eu não tive as condições financeiras para isso”, argumenta.

Poupe, mesmo que seja pouco

Para a especialista e educadora financeira Vivian Rodrigues, Cida está no caminho certo. “Os jovens têm os juros compostos e o tempo a seu favor. Quanto antes essa preocupação, ao lidar com o dinheiro, pensando no longo prazo, começar, melhor. Pois tem mais tempo do dinheiro trabalhando e gerando juros sobre juros. O mesmo que acontece com uma dívida que vai acumulando e ficando cada vez maior, o mesmo pode acontecer de formar positiva”, explica.

As pessoas nem sempre começam a investir porque pensam que quantias menores não tratarão resultado no futuro. Vivian Rodrigues reforça que não importa o quão reduzido seja o valor aplicado, o importante é poupar.

“É natural que muita gente não comece logo no primeiro salário achando que ganha pouco e que, por isso, não vai coneguir poupar pouco. É importante criar o hábito de iniciar esses investimentos logo cedo, mesmo que o valor não seja muito significativo, e à medida que o salário vai aumentando, que a carreira vai crescendo, a gente cresce também com esses aportes e com as possibilidades que vão ser adquiridas no futuro”, elucida.

Crescimento

Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), as reservas aplicadas em seguros previdenciários passaram de R$ 319 bilhões em 2012 para mais de R$ 780 bilhões em 2018, o que mostra que em tempos de discussão e indefinição sobre a reforma da previdência, o seguro previdenciário tem sido uma importante alternativa.

O professor Ailton Costa é representante do Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor) junto à Federação Nacional dos Corretores (Fenacor), no Rio de Janeiro. Ele explica que o modelo de previdência tradicional, feito junto ao governo, já é coisa do passado.

“Isso não é uma exclusividade do Brasil. Países principalmente da Europa começam a experimentar um esgotamento do modelo de previdência pública. A previdência privada é, certamente, o modelo complementar mais adequado para não desamparar o cidadão no momento em que ele decidir aposentar as chuteiras”, expõe.

Ailton costa fala sobre os principais benefícios do seguro previdenciário privado. “O mais importante desses benefícios é o fiscal. Isso não é generalizado, mas ele pode abater do imposto de renda aquilo que ele está contribuindo para a previdência complementar. Um outro benefício é que, após cumprir um período de carência combinado previamente com a empresa, ele pode sacar e sair com o dinheiro a hora que ele quiser”, afirma.

Preocupação com o futuro

O advogado Francisco Júnior é mais que precavido. Ele conta que paga três previdências: a do INSS, outra em um banco público e o seguro previdenciário privado. A principal preocupação, segundo ele, é com a saúde.

“Uso a previdência privada para segurança financeira e também para abater no imposto de renda. Já tem 8 anos que eu pago. Quando eu aposentar, quero ter uma segurança para poder viajar, pagar um plano de saúde. Quando se chega aos 60 anos, o plano de saúde dobra o valor, e a saúde no Brasil é muito precária”, avalia.

Fatores que devem ser observados por quem pretende fazer o pé-de-meia como a Cida e o Francisco são as taxas de cada seguro, de forma a fazer o valor render mais. O professor do Sincor, c, explica que o dinheiro guardado debaixo do colchão não rende.

“Se eu estou aplicando 10 e faço parte de um fundo que tem mais 10 aplicadores, então estamos aplicano 100. O poder de negociação do fundo é infinitamente maior neste caso”, analisa.

Ponto de partida

E você aí, ainda ficou na dúvida sobre fazer mais uma despesa mensal ou garantir o futuro? O analista e educador financeiro Giordano de Souza diz que aplicar em seguro de previdência é uma questão de disciplina e de saber que o benefício não virá a curto, mas sim a longo prazo.

“Temos a tendência costumeira e comportamental de satisfazer sempre as necessidades imediatas. Diante de imprevisibilidades que ocorrem, nós então adaptamos o dia de amanhã para resolver o problema de hoje. Essa é uma lei universal dos seres humanos. Se eles estão preparados paras intempéries de amanhã, pode ser que amanhã não tenha tanto impacto assim. Daí a importância da educação e do planejamento financeiro”, conclui.

 

Escrito ou enviado por: JOHANN GERMANO

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