Modalidade já inclui até proteção para o aparelho. Regulador do setor alerta para riscos dos serviços sem garantia

Nos últimos cinco anos, o número de roubos de celular no Estado do Rio mais que quintuplicou: saltou de 3.455, entre janeiro e agosto de 2013, para 17.397, no mesmo período de 2018, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Uma pesquisa recente do Mobile Time/Opinion Box constatou que 49% dos brasileiros tiveram o celular roubado ou furtado ao menos uma vez. Como consequência, cresceu a procura por proteção para os aparelhos. E, assim como aconteceu no ramo de veículos, surgiram serviços alternativos ao seguro, de menor custo, mas que trazem riscos ao consumidor, entre eles o de não ser reembolsado.

Associações, cooperativas e empresas do chamado compartilhamento de risco se multiplicam, no que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) chama de “mercado marginal” – impulsionado pela “proteção veicular”, que já virou caso de polícia – com ofertas que vão da área de saúde à assistência funeral. Trata-se de produtos vendidos como seguro, mas que não têm as mesmas garantias daqueles comercializados pelas seguradoras.

Nesta segunda-feira, a Susep inicia uma campanha contra esse mercado, com a divulgação, em seu site (susep.gov.br), de uma lista de instituições autuadas, que já são mais de 160. Cerca de 250 entidades já tiveram processos sancionadores julgados pelo órgão em primeira instância.

– Apesar de o mercado fazer manobras para fugir da fiscalização, configura seguro a promessa de reposição de bem, o risco de ocorrência do evento, a aleatoriedade e o pagamento efetuado por terceiro or de Supervisão de Conduta da Susep, Carlos de Paula.

Mais do que o valor normal

Carlos de Paula ressalta que, por não terem de responder a nenhum órgão superior, nem serem obrigadas a constituir reservas, as empresas sem registro na Susep podem não cumprir o prometido quando acionadas pelo consumidor.

Entre os novos serviços em oferta no mercado, houve até “seguro contra haters”. O produto, ofertado pela Youse – plataforma de venda de seguros on-line da Caixa Seguradora, em processo de registro na Susep -, na verdade era um plug-in para bloquear comentários maldosos em redes sociais. Depois de notificada pela Susep, a empresa suspendeu a oferta do produto.

A start-up Pier Digital oferece compartilhamento de risco para proteção de smartphones. Nesse modelo, são as contribuições mensais que garantem o reembolso. Ou seja, se a pessoa manteve seus pagamentos em dia, mas os demais membros do grupo não, ela pode não ser indenizada.

Lucas Prado, um dos fundadores, rebate as críticas e garante que os consumidores são informados com clareza:

– Os membros do grupo recebem relatório de transparência e podem acompanhar os níveis de solvência, informando-se claramente sobre se há risco de o ressarcimento ser menor do que o contratado. No nível crítico, por exemplo, os reembolsos ficam comprometidos.

FONTE: O Globo
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